Artista sul-mato-grossense faleceu durante participação em festival de cinema em Bonito
Mato Grosso do Sul perdeu, na madrugada deste sábado (26), um de seus maiores ícones culturais. Morreu aos 73 anos o artista plástico Jonir Figueiredo, enquanto participava da 3ª edição do Festival Bonito Cinesur – Festival de Cinema Sul-americano. Ele estava hospedado em Bonito, onde foi encontrado sem vida por amigos.
Nascido em Corumbá, Jonir construiu um legado de mais de 50 anos dedicados às artes visuais, tornando-se um dos principais nomes do segmento no Estado. Sua obra retratou a história, os contrastes e as belezas naturais e culturais de Mato Grosso do Sul com sensibilidade e autenticidade.
Nas redes sociais, amigos e admiradores lamentaram a perda. O cantor Almir Sater se pronunciou com carinho: “O Jonir era um cara atuante, um cara bom, de alma boa. Com certeza o Criador vai receber ele por lá. É triste.” Já o jornalista Bosco Martins escreveu: “Vá em paz, meu irmão, e que Deus te receba em seus braços.”
Jonir iniciou sua trajetória artística nos anos 1970, época marcada pela criação de Mato Grosso do Sul. Foi um dos expoentes da chamada “geração da divisão”, que encontrou na arte uma forma de construir a identidade sul-mato-grossense. Também foi um dos fundadores do Movimento Cultural Guaicuru, coletivo que teve papel fundamental na construção do imaginário artístico do Estado.
Versátil, Jonir foi desenhista, gravador, pintor, performer e produtor cultural. Sua produção abordou desde símbolos da ancestralidade rupestre até questões ambientais contemporâneas. A “fase dos jacarés”, nos anos 1980, destacou-se por denunciar a degradação ambiental do Pantanal.
Parte importante de sua trajetória foi eternizada no livro “Jonir: uma trajetória de vida construída com arte”, lançado em abril deste ano em Campo Grande. A obra, escrita por Ara de Andrade Martins, reúne trabalhos de diferentes fases do artista, hoje presentes em acervos públicos e coleções privadas no Brasil e no exterior.
Além de sua arte, Jonir Figueiredo foi um incansável defensor da cultura regional, atuando em projetos, políticas públicas e eventos culturais. Até seus últimos dias, manteve-se presente em exposições, debates e festivais, reafirmando seu compromisso com a valorização da arte sul-mato-grossense.