Com a inclusão de novas regiões, há a possibilidade de ampliação da produção nacional da fruta
02/10/2021 17h05 - Por Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou na última quarta-feira (29) no Diário Oficial da União as Portarias que atualizam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da macieira no Brasil.
Elaborado com base em estudos da Embrapa Uva e Vinho (RS) e da Embrapa Informática Agropecuária (SP), e validado por técnicos, especialistas e representantes do setor produtivo, o Zarc Maçã apresenta duas novidades: a unificação dos critérios técnicos utilizados nos estudos de zoneamento e o aumento da área de abrangência, com novas regiões com potencial climático para a produção.
Segundo Gilmar Nachtigall, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e um dos responsáveis pelo Zarc Maçã, essas duas novidades são de grande importância para o setor, pois com a unificação da metodologia são facilitadas as avaliações dos riscos por parte dos diversos agentes interessados, como produtores, bancos, seguradoras e governo, enquanto que com a inclusão de novas regiões no Zarc Maçã, há a possibilidade de ampliação da produção nacional da fruta.
Nachtigall explica que no Zarc Maçã foi aplicada a metodologia utilizada nas demais culturas, na qual a classificação é feita com base na disponibilidade de água e nos índices de temperatura de cada região avaliada, para as diferentes fases da cultura.
Os níveis de risco podem variar de até 20%, de 20% a 30%, de 30% a 40% e de mais de 40%.
"Dentro desta metodologia, as áreas com até 20% de risco são as mais indicadas e as com mais de 40% de risco não são recomendadas para o cultivo de macieira", destaca o pesquisador.
Nachtigall detalha que a metodologia envolveu a seleção de regiões com acúmulo de frio no período de inverno, condição requerida pela cultura, a partir das informações de temperaturas da base de dados meteorológicos.
A partir deste levantamento, ele explica que foram estabelecidos três tipos de regiões quanto ao acúmulo de frio hibernal: alto, médio e baixo.
Estas definições foram cruzadas com as informações fenológicas da cultura, permitindo definir indicações de cultivo para as diferentes regiões climáticas, aptas ao cultivo da macieira.
"Com essas informações, os agricultores e técnicos podem planejar melhor o sistema de produção a ser adotado, a fim de evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis da cultura minimizando, assim, os riscos de perdas na produção", pontua Gilmar.
Outro aspecto que o pesquisador destaca é que o Zarc Maçã prioriza o plantio de cultivares de macieira que requerem elevado acúmulo de frio hibernal, como as cultivares do Grupo Gala e Fuji para as regiões com esta condição.
Já em regiões que apresentem baixo acúmulo de frio, são indicadas variedades com menores exigências de acúmulo de frio, como as cultivares Eva, Julieta, Princesa e Condessa.
O Zarc é uma ferramenta de análise do risco derivado da variabilidade climática e que considera as características da cultura e do solo, indicando as áreas e períodos de menor risco climático no país, definindo as regiões mais indicadas para o cultivo, de maneira a reduzir perdas e garantir rendimentos mais elevados.
Além disso, permite aos produtores desses municípios o acesso ao crédito rural, Proagro e ao seguro rural.
A base de dados meteorológicos utilizadas na atualização do Zarc é composta por séries históricas de aproximadamente 30 anos, obtidas a partir das redes de estações terrestres, meteorológicas e pluviométricas, convencionais e automáticas, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do sistema HidroWeb, operado pela Agência Nacional de Águas, e às pertencentes ao Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), além de redes estaduais mantidas por instituições ou empresas públicas.
Produtores rurais e outros agentes do agronegócio podem acessar, por meio de tablets e smartphones, de forma mais prática, as informações oficiais do Zarc, facilitando a orientação quanto aos programas de política agrícola do governo federal.
O aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP), está disponível nas lojas de aplicativos: iOS e Android
Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma "Painel de Indicação de Riscos" e nas portarias de Zarc por Estado.
Estudos, lista de cultivares indicadas para cada região e a relação de municípios com os respectivos calendários de plantio.
As portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático são divulgadas anualmente no Diário Oficial da União para a vigência na safra indicada.
Nelas é possível encontrar um resumo do estudo, a lista de cultivares indicadas para cada região e a relação de municípios com os respectivos calendários de plantio. Constam os seguintes itens de cada portaria:
Nota técnica: apresenta resumidamente a metodologia do zoneamento para cada cultura na região.
Tipos de solos: os solos são agrupados em três categorias quanto à capacidade de retenção de água: arenoso (Tipo 1); textura média (Tipo 2); e argiloso (Tipo 3), conforme disposto na Instrução Normativa nº 2, de 09 de outubro de 2008.
Tabela de períodos de plantio: indica a época para o início da semeadura por decênios (períodos de dez dias). De 1° a 10 de janeiro é o primeiro decênio.
De 11 a 20 de janeiro, o segundo. E assim sucedem-se os decênios até o último do ano (o "período 36", de 21 a 31 de dezembro).
Cultivares indicadas: no caso de culturas anuais são listadas todas cultivares indicadas pelos produtores de sementes, reunidas em grupos com características homogêneas. Todas as cultivares devem estar inscritas no Registro nacional de Cultivares - RNC.
Tabela de municípios: relação das cidades indicadas para o plantio da cultura no estado a que se refere a portaria.
Nas colunas seguintes são indicados os períodos de plantio (início e fim) para cada município, em três níveis de risco (20%, 30%, 40%), por tipo de solo e por grupo de cultivar.
As portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático por Unidade da Federação são o resultado de análises e modelagem de clima e informações fenológicas (relacionadas às culturas).
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desenvolve um estudo sobre as exigências mínimas de cada cultura a ser zoneada.
Os estudos são previamente discutidos com a participação de agentes externos através de reuniões de validação e o resultado do produto é publicado por Unidade da Federação e cultura, contendo o calendário de plantio por tipo de solo, em três níveis de risco (20%, 30%, 40%) e por grupo de cultivar, em cada município.
A Portaria nº 412 de 30 de dezembro de 2020 estabelece as regras de participação na formulação ou aperfeiçoamento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático e a forma da publicação dos resultados de Zarc.
Para ter acesso às portarias vigentes do Zoneamento Agrícola de Risco Climático clique na unidade federativa abaixo:
Selecione a UF desejada:
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