História de família e paixão pelos tanques: o pesqueiro que virou refúgio em Dourados

No Pesqueiro Santa Fé, a vida de Valdenice da Silva se mistura à história da própria terra. Foi ali, na propriedade onde nasceu e criou os filhos, que ela hoje vê os netos crescerem e alimenta uma paixão que atravessa gerações: a piscicultura. Quando os pais chegaram ao local, em 1955, o espaço era apenas uma área alagada. Décadas depois, tornou-se um recanto de trabalho, união familiar e sonho.

O ponto de virada veio com Admilson da Silva, esposo de Valdenice, que trouxe consigo o gosto pela pescaria e inspirou a esposa a investir na criação de peixes. O que começou com poucos exemplares de pacú cresceu com a chegada do pintado, espécie que conquistou de vez o coração da produtora. “No início perdi muitos peixes, não tinha experiência. Tive que aprender com os erros”, recorda.

A trajetória mudou quando ela buscou orientação técnica do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Com o apoio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), aprendeu sobre manejo e equilíbrio dos tanques, evitando novas perdas. “O técnico vem, orienta, acompanha. Hoje eu tenho confiança no que faço”, diz Valdenice, que vê na atividade mais do que uma renda — um modo de vida.

Nos fins de tarde, sentar à beira do tanque e ver os peixes se alimentando virou ritual de paz e alegria. “É uma terapia. Quando volto pra casa, me sinto renovada”, confessa, emocionada.

Agora, o pesqueiro se prepara para abrir as portas ao público, com a criação de um espaço de lazer que terá bar, porções e atendimento aos visitantes. A ideia é transformar o local, antes restrito à produção, em um ponto de encontro de amigos e famílias de Dourados.

“É o nosso sonho ver o pesqueiro funcionando, recebendo as pessoas. Aqui tem história, tem amor e vontade de crescer”, diz Valdenice, com o sorriso de quem sabe que cada peixe criado representa uma nova lembrança nas águas onde sua vida sempre refletiu.

*Com informações do Senar