A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, aguardada por empresários e pelos governos dos dois países, ainda não tem data nem local definidos. Desde que o chefe de Estado norte-americano sinalizou abertura para o encontro, o Itamaraty tenta viabilizar uma conversa prévia, por telefone ou videoconferência, nos próximos dias. A reunião presencial aconteceria posteriormente, em outro país. Entre as possibilidades estão a Itália, durante evento da FAO em 13 de outubro, ou a Malásia, durante a cúpula da Asean, em 25 do mesmo mês.
Integrantes do governo brasileiro, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, avaliam que a aproximação pode representar avanços nas relações bilaterais, abaladas pelo tarifaço imposto pelos EUA. Segundo eles, o encontro abre margem para tratar de temas estratégicos, incluindo a exploração de minerais críticos — fundamentais para a transição energética e de grande interesse internacional — e a atração de investimentos em data centers, setor visto como promissor para o Brasil.
O tarifaço norte-americano, em vigor desde agosto, é apontado por representantes do governo brasileiro como um fator que encarece produtos de consumo cotidiano nos EUA, como carne e café. Para a equipe econômica, a medida tem efeitos negativos também para os próprios norte-americanos e não deve se sustentar por muito tempo. A avaliação é de que o diálogo em curso pode contribuir para reduzir tensões comerciais e fortalecer parcerias de interesse mútuo.
Além da agenda econômica, o governo brasileiro também trata do aspecto político das relações bilaterais. Apesar da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, a avaliação é de que decisões judiciais não devem interferir em políticas de importação, consideradas de natureza regulatória. A expectativa é de que a retomada do diálogo permita superar a crise, classificada como artificial, e abrir caminho para maior cooperação entre Brasil e Estados Unidos.