Dourados
Em um momento marcado por indignação e urgência, a deputada estadual Lia Nogueira (PSDB) reuniu nesta quarta-feira (24) autoridades, entidades representativas e lideranças do setor na primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa dos Profissionais da Saúde. O encontro teve como foco discutir medidas para criar soluções para inibir a escalada de violência que atinge trabalhadores da saúde em Mato Grosso do Sul.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas em 2024 foram registrados 995 boletins de ocorrência de violência contra médicos em MS, colocando o Estado como o 2º do Centro-Oeste com mais casos, atrás apenas do Distrito Federal (1.270). No Brasil, foram 4.562 registros, média de 12 por dia. Entre profissionais de enfermagem, mais de 60 casos foram registrados no estado, e pesquisas mostram que 70% dos enfermeiros de Campo Grande já sofreram agressões, muitas vezes verbais e psicológicas, com forte subnotificação.
Durante a reunião, Lia Nogueira destacou. “Esta Frente Parlamentar nasce para unir forças, ouvir quem está na linha de frente e buscar soluções efetivas. Precisamos garantir que esses profissionais tenham segurança física, emocional e condições dignas para exercer seu trabalho”.
A presidente do Conselho Regional de Medicina, Dra. Luciene Lovati, reforçou a necessidade de melhores condições de trabalho.
“Precisamos de ações educativas para que a população entenda o processo de atendimento. Não é aceitável profissionais atuarem em unidades sem ventilação, com paredes prestes a cair e sem segurança mínima”.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Marcelo Santana, alertou para o impacto emocional. “Estamos vendo um aumento preocupante de profissionais com depressão, ansiedade, burnout e até casos de suicídio. É um contrassenso que locais destinados a salvar vidas estejam adoecendo os trabalhadores da saúde”.
Já o presidente do Coren-MS, Leandro Dias, lembrou que 90% dos 34 mil profissionais de enfermagem do estado são mulheres e sofrem diariamente com ameaças.
“As agressões verbais e as violências são corriqueiras. Muitos têm medo de sair das unidades após o expediente”.
Lia anunciou que as próximas reuniões da Frente serão realizadas em Dourados, Três Lagoas, Corumbá e, por fim, em Campo Grande. A parlamentar também antecipou propostas como uma campanha de conscientização estadual e projetos de lei para reforçar a punição contra agressores.
Para Lia defender quem cuida a população é uma prioridade. Esse é apenas o começo de um trabalho permanente, construído com diálogo, união e coragem. "E quando a gente fala da proteção dos profissionais de saúde, a gente fala também de um ambiente seguro, saudável e humanizado para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) . Porque quando você garante um ambiente acolhedor, humanizado, com segurança, você também está contemplando os usuários do SUS", finalizou a deputada.