O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divulgou, nesta sexta-feira (5), que o ex-presidente Jair Bolsonaro o definiu como o nome do grupo para disputar a Presidência da República em 2026. A afirmação foi feita em uma publicação no X (antigo Twitter), na qual o parlamentar declarou assumir a responsabilidade de “dar continuidade ao projeto de nação defendido por Jair Messias Bolsonaro”.
Antes de tornar pública a informação, Flávio afirmou ter comunicado a direção do Partido Liberal e conversado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O movimento foi adiantado pelo portal Metrópoles e confirmado pelo Estadão, que apurou a conversa direta entre o senador e o governador paulista nesta semana. Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, confirmou que acompanha as articulações.
“Flávio me disse que o nosso capitão confirmou a candidatura. Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos”, declarou Valdemar.
Na publicação nas redes sociais, o senador afirmou que o Brasil enfrenta um cenário de insegurança e instabilidade, e que não pretende assistir passivamente ao que considera uma ameaça à democracia. Jair Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 25 de novembro, cumprindo pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado.
Flávio disse assumir a missão “diante de Deus e do Brasil”, afirmando acreditar que será guiado “abrindo portas e superando obstáculos” em sua trajetória eleitoral.
Apesar do anúncio, dirigentes do PL avaliam a informação com prudência e acreditam que a declaração pode servir como teste político — uma forma de medir a reação pública e fortalecer o nome de Flávio nacionalmente. Integrantes do partido defendem que a definição final só deverá ocorrer mais adiante.
Uma fonte próxima de Michelle Bolsonaro contestou a suposta decisão, afirmando que Jair Bolsonaro não teria tomado uma decisão dessa magnitude sem consultar a esposa. A mesma fonte também questiona o motivo de a informação ter sido compartilhada com terceiros, e não diretamente com Michelle, especialmente após os episódios de desgaste público ocorridos na semana anterior.
A revelação surge poucos dias depois de uma crise envolvendo Michelle Bolsonaro e os três filhos políticos de Jair Bolsonaro — Flávio, Eduardo (PL-SP) e Carlos (PL-RJ). O conflito começou após Michelle criticar o diretório do PL no Ceará por articular apoio ao ex-presidenciável Ciro Gomes em eventual disputa contra o próprio PL no governo estadual.
Os irmãos saíram em defesa do deputado André Fernandes, responsável pela articulação. Flávio chegou a chamar a postura de Michelle de “autoritária e arrogante”. Após visita ao pai, o senador afirmou ter pedido desculpas.
Na terça-feira, o PL realizou uma reunião emergencial para apaziguar os ânimos, e o acordo com Ciro Gomes foi suspenso indefinidamente — medida interpretada como vitória parcial de Michelle no embate com os enteados.
A troca pública de acusações ocorreu apenas uma semana após uma reunião interna do bolsonarismo, em 24 de novembro, que havia definido uma estratégia unificada para defender Jair Bolsonaro, preso preventivamente na ocasião. Michelle, em seu discurso, cobrou que divergências fossem tratadas internamente e pediu menos ataques entre correligionários nas redes sociais.
No entanto, as tensões vieram à tona nos últimos dias, revelando que a unidade buscada naquela reunião rapidamente se desfez.