Deputado mantém discurso golpista, pressiona Congresso e cria desconforto até entre aliados de Jair Bolsonaro
O parlamentar, que vive nos Estados Unidos desde janeiro, defendeu que a anistia seria “o mínimo aceitável” e criticou qualquer tentativa de flexibilizar o texto - Foto: Arquivo/X
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a adotar discurso e afirmou nesta quinta-feira (2) que não haverá eleições em 2026 caso o Congresso não aprove a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
O parlamentar, que vive nos Estados Unidos desde janeiro, defendeu que a anistia seria “o mínimo aceitável” e criticou qualquer tentativa de flexibilizar o texto. Ele também rejeitou a proposta de redução de penas por meio do chamado PL da Dosimetria, apontando que se trata de uma estratégia enganosa para enfraquecer o movimento bolsonarista.
Nos últimos dias, Eduardo intensificou a pressão sobre colegas de direita no Congresso, pedindo mobilização direta da base para barrar alternativas que não incluam Jair Bolsonaro. Em vídeo publicado na segunda-feira, ele acusou deputados de traição por aceitarem negociar alterações pontuais no relatório da dosimetria.
A postura radical tem provocado incômodo entre aliados e dentro do próprio PL. Enquanto seus irmãos também se manifestam a favor da anistia ampla, Eduardo foi além, chegando a ameaçar com sanções os presidentes da Câmara e do Senado, o que ampliou a tensão com lideranças partidárias.
O clima ficou ainda mais pesado quando Eduardo declarou que poderia se candidatar à Presidência em 2026, mesmo sem o apoio do pai. A fala foi vista como uma ameaça às pretensões de outros nomes da direita e levou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a dizer que tal decisão seria equivalente a “matar Jair Bolsonaro politicamente”. O deputado rebateu chamando a declaração de “canalhice”.
Apesar da pressão, a anistia defendida por bolsonaristas enfrenta forte resistência. Se algum texto avançar, deverá ser uma versão mais limitada, sem alcance suficiente para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de possíveis punições.
O relator do PL da Dosimetria, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou que só apresentará parecer após o fim do impasse político entre Câmara e Senado. Entre os pontos de atrito estão a derrubada da PEC da Blindagem pelo Senado e a aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), de proposta idêntica à isenção do IR relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A situação se agrava com a tentativa do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Hugo Motta (Republicanos-PB), de se afastar de pautas impopulares. Após os protestos de 21 de setembro em várias capitais, o Congresso buscou sinalizar distanciamento aprovando, já em 1º de outubro, a isenção do Imposto de Renda para parte da população.
O cenário reforça o isolamento do filho do ex-presidente, cuja retórica de confronto causa desgaste até mesmo dentro da base bolsonarista.