Apesar de sanções e críticas ao Brasil, presidente dos EUA afirmou ter tido “boa química” com Lula e defendeu novo diálogo em meio à crise diplomática
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao mencionar positivamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (23). Ele afirmou ter sentido uma “boa química” com o líder brasileiro e anunciou um encontro para a próxima semana.
“Ele me parece ser um cara muito legal. Ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócio com gente que eu gosto. Quando eu não gosto, não gosto. Mas, por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal”, declarou Trump, arrancando reações no plenário.
Trump revelou que encontrou Lula rapidamente nos bastidores da ONU, quando um chegava e o outro saía da reunião. Segundo ele, os dois se abraçaram e concordaram em marcar uma reunião, provavelmente por videoconferência ou telefonema, ainda neste mês.
Apesar do tom amistoso, o presidente norte-americano também fez críticas duras ao Brasil. Em sua fala de quase 50 minutos, Trump justificou o “tarifaço” e sanções aplicadas recentemente, alegando que o país estaria “interferindo nos direitos e liberdades de cidadãos americanos”. Ele ainda disse que o Brasil “está indo mal” e só terá sucesso “trabalhando com os Estados Unidos”.
O contraste foi evidente em relação ao discurso de Lula, que, sem citar o republicano nominalmente, criticou os “atentados à soberania nacional”, repudiou sanções contra o Brasil e defendeu a independência do Judiciário.
Nos bastidores, o Itamaraty já trabalha para viabilizar a reunião anunciada por Trump, que pode representar um primeiro gesto de aproximação entre os dois países desde o agravamento da crise diplomática.