País avança em foguetes, cápsulas e módulos enquanto mira pouso tripulado antes de 2030
China planeja construir primeira estação orbital lunar para missões futuras (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Mais de cinquenta anos após a última missão humana à Lua, o cenário espacial voltou a ganhar ritmo de disputa. De um lado, os Estados Unidos apostam no programa Artemis; de outro, a China avança rapidamente rumo ao seu primeiro pouso tripulado, previsto para ocorrer até o fim da década. Mas, ao contrário da corrida espacial dos anos 1960, o embate atual não gira apenas em torno de prestígio: o foco está em quem conseguirá dominar as tecnologias mais eficientes e seguras para operar além da órbita terrestre.
Nesse terreno, o salto tecnológico chinês chama atenção. Entre os principais projetos já em andamento estão o poderoso foguete Longa Marcha 10, a nova cápsula Mengzhou — desenvolvida para levar até seis astronautas —, o módulo de pouso Lanyue, os trajes lunares de última geração e a operação contínua da estação espacial Tiangong, que serve como laboratório e plataforma de treinamento.
Desde que enviou seu primeiro astronauta ao espaço, em 2003, a China tem ampliado de forma constante sua presença no setor aeroespacial. A criação e manutenção da Tiangong, hoje uma estação totalmente funcional, permitiram ao país testar sistemas de longa permanência e tecnologias essenciais para missões em ambientes extremos — experiência que agora sustenta o salto rumo à Lua.
A próxima etapa envolve o conjunto Mengzhou-Lanyue, formado por uma cápsula de transporte e um módulo de pouso de quase 26 toneladas. Enquanto a Mengzhou será responsável por levar a tripulação até a órbita lunar, o Lanyue fará a descida suave, a permanência e o retorno. Testes robóticos do módulo estão planejados para 2027 e 2028, seguidos de uma missão não tripulada antes do voo histórico com astronautas.
A base desse avanço é a consolidação tecnológica construída ao longo de décadas. Desde os anos 1970, a China desenvolveu mais de 20 modelos de foguetes Longa Marcha — 16 deles ainda ativos. Essa continuidade garantiu previsibilidade, amadurecimento dos sistemas e uma taxa de sucesso próxima a 97%, tornando a frota uma das mais confiáveis do mundo.
Essas credenciais sustentam o Longa Marcha 10, veículo que será responsável pelos lançamentos tripulados rumo à Lua. Paralelamente, equipes chinesas realizam ensaios em solo que simulam o ambiente lunar, aperfeiçoando mecanismos de pouso, propulsão e suporte de vida.
Embora comparações com a NASA sejam inevitáveis, especialistas apontam que a nova corrida espacial é essencialmente científica. Estados Unidos e China trabalham para tornar viável uma presença humana contínua fora da Terra, com foco em bases lunares, veículos reutilizáveis e sistemas de logística orbital.
Se cumprido o cronograma, o pouso tripulado chinês até 2030 marcará um novo capítulo na exploração espacial. Além de demonstrar capacidade tecnológica, abrirá portas para pesquisas sobre recursos lunares, experimentos biológicos em baixa gravidade e futuros avanços em viagens de longa duração pelo espaço profundo.