Dourados
A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) com foco em ESG (Environmental, Social and Governance), desenvolvida pelo Senar/MS, tem promovido avanços consistentes na adoção de práticas sustentáveis no campo. Em 2024, as propriedades rurais atendidas alcançaram 71% de conformidade nos requisitos avaliados, resultado que reflete a incorporação estruturada de ações ambientais, sociais e de governança por parte dos produtores rurais.
“Esse resultado demonstra que o produtor rural de Mato Grosso do Sul está compreendendo a importância do ESG e incorporando essas práticas de forma estruturada e contínua. É uma agenda que agrega valor à propriedade, contribui para o desenvolvimento do estado e beneficia toda a sociedade com ganhos ambientais”, destaca o superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan.
O levantamento foi realizado a partir de um questionário detalhado aplicado em 2.718 propriedades de diversas cadeias produtivas, avaliando desde o fornecimento de equipamentos de proteção individual e treinamentos, até a destinação correta de resíduos e a regularização ambiental.
Entre as iniciativas de maior impacto está o programa Proteção de Nascentes, voltado à segurança hídrica e à preservação de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Desde 2020, já foram identificadas e recuperadas 2.233 nascentes em 68 municípios de Mato Grosso do Sul, por meio de ações como cercamento, limpeza, controle de erosão e reflorestamento com espécies nativas. Em 2024, o índice de conservação das nascentes atingiu 70%, contra 64% no ano anterior, evidenciando o avanço das práticas de manejo e o engajamento dos produtores.
Para Galvan, o ESG é uma forma de traduzir e valorizar práticas já enraizadas no campo. “O setor já é sustentável. Precisamos mostrar isso para a sociedade e, com tecnologia e gestão, transformar esse reconhecimento em ganhos produtivos, sociais e de mercado”, reforça.
O trabalho é estruturado em três pilares: ambiental, social e governança.
No pilar ambiental o Sistema Famasul auxilia os produtores do estado no manejo sustentável e gestão eficiente da propriedade rural por meio da ATeG; diagnóstico e proteção de nascentes; educação agroambiental com cursos, oficinas e ações de campo; e participação ativa na formulação e monitoramento de políticas públicas ambientais.
Na parte social, a instituição contribui com oferta contínua de cursos de formação profissional e promoção social; programas de saúde no campo; inclusão produtiva de jovens e mulheres; fortalecimento da sucessão familiar; e o Projeto Agrinho, que promove cidadania, educação e consciência ambiental em escolas públicas e privadas, rurais e urbanas.
No que diz respeito a governança, a entidade conta com representação técnica em conselhos, câmaras e fóruns estaduais e federais; elaboração de pareceres e estudos técnicos; publicação de boletins públicos informativos no site; apoio à formulação de políticas públicas; práticas de transparência institucional e prestação de contas; além de capacitação constante das equipes técnicas e aprimoramento de processos internos.
Perspectivas e tendências
Temas como rastreabilidade, descarbonização, uso eficiente da água e valorização das boas práticas agroambientais ganham cada vez mais relevância e devem pautar negociações internacionais nos próximos anos. A COP 30, prevista para novembro deste ano, terá como foco a mudança climática e soluções para mitigação e adaptação, agenda diretamente conectada ao ESG.
O papel da Famasul e do Senar/MS é garantir que o produtor tenha acesso a informação técnica de qualidade, assistência especializada e ferramentas de governança que fortaleçam sua competitividade, sem aumentar custos ou insegurança jurídica. O objetivo é valorizar o que já é feito de forma positiva no campo, oferecer caminhos para avanços e assegurar que a sustentabilidade seja um fator de fortalecimento, e não de restrição, para a produção rural brasileira.