Obra financiada pela Itaipu já alcança 80% de execução e promete reduzir em até 17 dias o tempo de exportação brasileira para a Ásia
Nesta quinta-feira (2), representantes do Brasil e do Paraguai estiveram em Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta para uma visita técnica ao canteiro de obras da ponte binacional da Rota Bioceânica. A comitiva, que contou com o governador Eduardo Riedel e o presidente paraguaio Santiago Peña, verificou de perto o estágio atual da construção e os projetos de acesso nos dois lados da fronteira.
O empreendimento é considerado estratégico por encurtar a ligação terrestre entre Brasil e Chile, permitindo que as exportações brasileiras cheguem ao Pacífico com redução de mais de 9,7 mil quilômetros na rota marítima. Estima-se que o tempo de viagem até a Ásia possa cair em até 23%, o que representa entre 12 e 17 dias a menos em uma operação comercial.
Do lado brasileiro, a obra inclui um trecho de 13,1 quilômetros conectando a BR-267 à nova ponte, além do contorno rodoviário em Porto Murtinho e a construção do Centro Aduaneiro para controle de fronteira. O investimento federal é de R$ 472 milhões, com prazo de execução de 26 meses. Já no Paraguai, foram iniciados os trabalhos para ligar a ponte à Rota Bioceânica, com 3,8 km de pavimentação e aporte de US$ 15 milhões.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, ressaltou o caráter histórico do momento. Para ela, o projeto simboliza a união entre os povos da América do Sul e fortalece a integração regional não apenas em termos econômicos, mas também sociais e culturais.
A construção da ponte, que já alcançou 80% de execução, é financiada pela margem paraguaia da Itaipu Binacional e mobiliza mais de 400 trabalhadores. O investimento total é de R$ 575,5 milhões (US$ 93 milhões), e a conclusão está prevista para o primeiro semestre de 2026.
O governador Eduardo Riedel classificou a obra como um marco para o desenvolvimento. “É a consolidação de uma nova rota de integração. Um passo fundamental para ampliar os mercados e fortalecer o Centro-Oeste e o Sudeste brasileiro no comércio internacional”, destacou. O presidente Santiago Peña complementou, afirmando que a iniciativa aproxima ainda mais os dois países e cria novas perspectivas para toda a região.
Paralelamente, o Governo de Mato Grosso do Sul mantém investimentos em Porto Murtinho estimados em R$ 80 milhões, contemplando infraestrutura urbana, saúde e educação. Há também incentivos para a retomada da hidrovia do rio Paraguai, medida que deve atrair operadores logísticos e empreendimentos portuários.
O prefeito Nelson Cintra frisou que os benefícios da ponte vão além da integração continental. Segundo ele, a população local já sente reflexos positivos com novas oportunidades de emprego e renda. Entre as autoridades que acompanharam a visita estavam o vice-governador José Carlos Barbosa, a ministra paraguaia de Obras Públicas Claudia Centurión e secretários do governo estadual, além de lideranças locais e representantes de ambos os países.