Levantamento revela ritmo acelerado de dissolução conjugal, com maioria das separações ocorrendo antes de 10 anos de casamento
Mato Grosso do Sul aparece entre as unidades federativas com maior incidência de divórcios no Brasil, segundo os dados mais recentes das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas pelo IBGE nesta quinta-feira (10). A taxa registrada em 2024 foi de 3,7 divórcios por mil habitantes, resultado acima da média nacional de 2,7. No ranking geral, apenas Rondônia (4,9) e o Distrito Federal (3,8) tiveram índices mais elevados.
O estudo demonstra um cenário heterogêneo no País. Enquanto estados do Norte e Centro-Oeste apresentam números elevados, outras regiões têm comportamento oposto. Casos como Rio Grande do Sul (1,7), Mato Grosso (1,3), Pará (1,2) e Roraima (0,2) registraram taxas significativamente menores. Entre as regiões, o Norte foi a única com avanço no número de separações, com crescimento de 9,1%.
O Centro-Oeste, onde está Mato Grosso do Sul, teve queda de 11,8% nas separações totais. Mesmo diante do recuo regional, a taxa individual sul-mato-grossense permanece entre as mais altas do País.
No conjunto nacional, o Brasil contabilizou 428.301 divórcios em 2024, uma retração de 2,8% frente ao ano anterior. Ainda assim, o tempo médio até a dissolução conjugal diminuiu: a duração típica de um casamento passou de 16 anos, em 2010, para 13,8 anos.
Outro destaque do levantamento é a média de idade no momento da separação: homens chegam ao divórcio com média de 44,5 anos, enquanto as mulheres têm 41,6.
Em Mato Grosso do Sul, foram formalizados 6.869 divórcios ao longo de 2024, movimento que acompanha a tendência nacional de casamentos mais breves. Mais da metade dessas dissoluções — 3.933 — ocorreu antes dos 10 anos de união. Entre esses casos, 2.488 casais se separaram antes de completar cinco anos.
O Estado também registrou extremos. Foram 1.275 divórcios com até dois anos de casamento, enquanto 1.279 casais decidiram pelo rompimento após duas décadas de vida conjugal.
O regime de comunhão parcial de bens prevalece (6.355 casos), e a maioria dos processos é consensual, totalizando 5.269 registros. Em 1.599 separações, apenas uma das partes solicitou o divórcio — 500 pedidos partiram de homens e 1.099 de mulheres.
Quanto ao perfil de idade, a faixa mais recorrente entre os divorciados está entre 40 e 44 anos, com 1.053 registros, seguida pelas idades entre 35 e 39 anos, com 1.033 separações. Foram identificadas ainda 873 dissoluções após os 60 anos, incluindo 93 casos envolvendo pessoas com mais de 75 anos.
Mato Grosso do Sul também registrou 15.094 casamentos em 2024. A idade predominante para oficializar a união está entre 25 e 29 anos, seguida por 30 a 34 anos e 20 a 24 anos. Novembro e dezembro continuam sendo os meses mais escolhidos para cerimônias civis.
Entre os registros, 175 casamentos ocorreram entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, o IBGE ainda não detalha divórcios de casais homoafetivos, devido à ausência de padronização nos registros cartoriais.
A maior conclusão do levantamento é clara: com mais de 6,8 mil divórcios ao longo de 2024, a maior parte dos casamentos em Mato Grosso do Sul não chega a completar uma década.