Semadesc destaca que cada hectare importa e defende ações permanentes durante todo o ano
Ao lembrar que Mato Grosso do Sul foi pioneiro na implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) — metodologia que mais tarde se tornou referência nacional e virou lei federal — o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que o reforço das ações preventivas não diminui mesmo com a redução expressiva das áreas queimadas no Estado.
Durante o 6º Seminário de Manejo Integrado do Fogo, realizado nesta terça-feira (2) no auditório do Imasul, Verruck destacou que a política ambiental exige vigilância permanente. “Se um ano registra 2,8 milhões de hectares queimados e no seguinte ‘apenas’ 400 mil, alguns podem considerar pouco. Mas não pode ser assim: cada hectare importa. Incêndio é um problema constante, não existe mais ‘época de emergência’. A preparação e a prevenção precisam ocorrer durante os doze meses do ano”, afirmou.
O evento, transmitido pelo canal do Imasul no YouTube, tem como tema “Elaboração Técnica em Mato Grosso do Sul” e reúne especialistas, órgãos ambientais, instituições de pesquisa e representantes da sociedade civil. O objetivo, conforme explicou o tenente-coronel BM Leonardo Congro, assessor da Semadesc e presidente do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, é reduzir o risco de grandes incêndios com ações integradas e baseadas em ciência.
A abertura oficial aconteceu à tarde, com a presença do secretário Jaime Verruck, do diretor-presidente do Imasul, André Borges, do comandante da Polícia Militar Ambiental, tenente-coronel José Carlos Rodrigues, além de pesquisadores e organizações parceiras.
Para André Borges, o seminário simboliza o avanço da governança ambiental. “O Estado evoluiu muito na gestão integrada do fogo. Trabalhamos com planejamento, ciência e cooperação entre instituições. O manejo integrado salva vidas, protege nossos biomas e fortalece a prevenção. Este seminário reafirma nosso compromisso com uma política moderna e alinhada às melhores práticas”, disse.
O dirigente lembrou que, há quatro anos, o Estado consolidou um movimento técnico para transformar unidades de conservação em centros de pesquisa aplicada ao manejo do fogo. Ele adiantou que o Governo já planeja renovar e ampliar o convênio que viabiliza estudos sobre o tema.
Após as falas iniciais, o professor Geraldo Damasceno, pesquisador da UFMS, apresentou o Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) do Parque Estadual Pantanal do Rio Negro. Ele explicou que o plano orienta ações de prevenção, preparação e resposta, reconhecendo a complexidade do bioma pantaneiro.
“O Pantanal é singular. Fogo e áreas alagáveis convivem desde sempre, mas o comportamento do fogo em brejos é totalmente distinto de outros ambientes. O desafio é compreender essa dinâmica para aplicar técnicas adequadas”, afirmou Damasceno.
Para o gerente de Unidades de Conservação do Imasul, Leonardo Tostes, o PMIF fortalece o planejamento territorial. “O manejo integrado permite olhar o território de forma sistêmica, considerando ecossistemas, práticas culturais e as necessidades das comunidades. É uma ferramenta decisiva para proteger áreas sensíveis e qualificar intervenções.”
A nova regulamentação consolida o PMIF como instrumento obrigatório para qualificar o uso do fogo, garantir segurança jurídica às práticas autorizadas e integrar aspectos ecológicos, sociais e econômicos.
A queima prescrita passa a ter regras específicas, podendo ser autorizada individualmente ou vinculada ao PMIF. Em áreas de até 10 hectares destinadas ao treinamento de equipes especializadas, o licenciamento será simplificado e sem cobrança de taxas, desde que previamente registrado.
As mudanças fortalecem a prevenção, reduzem danos ambientais e ampliam a capacidade de resposta das instituições.
Mato Grosso do Sul se tornou referência ao adotar, em 2021, o Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo (PEMIF), pelo Decreto nº 15.654/2021. As diretrizes já dialogavam com a futura Política Nacional de MIF, sancionada depois.
O modelo estadual inclui queimadas controladas e prescritas, sempre mediante autorização do Imasul, garantindo controle ambiental, segurança operacional e proteção dos biomas.