Governo instala sala de situação para coordenar resposta ao surto, que tem epicentro em São Paulo
Padilha: notificar rapidamente da possível intoxicação por metanol é poder evitar dano irreversível à pessoa - (crédito: Walterson Rosa/MS)
O Brasil contabiliza 59 registros de intoxicação por metanol, entre casos suspeitos e confirmados, segundo balanço apresentado nesta quinta-feira (2) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Para enfrentar a crise, foi instalada a Sala de Situação de Intoxicação por Metanol, que reunirá secretarias estaduais, especialistas em toxicologia e os 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ligados ao SUS.
O epicentro do surto é São Paulo, onde está a maior parte das notificações. Do total, 11 casos já foram confirmados por exames laboratoriais, incluindo o do rapper Hungria, citado pelo ministro durante a coletiva.
A gravidade da situação levou a Câmara dos Deputados a reativar um projeto de lei de 2007 que torna a adulteração de bebidas e alimentos crime hediondo. A proposta será votada em regime de urgência e pode ser apreciada já na próxima semana.
Padilha enfatizou que o tratamento precisa ser iniciado logo nos primeiros sinais clínicos — como dores abdominais, alterações visuais e acidose metabólica — sem aguardar exames. Para isso, a pasta publicou uma nota técnica específica, que determina notificação imediata ao CIATox e orienta o uso do etanol farmacêutico como antídoto.
O ministério anunciou o reforço da rede hospitalar com 4,3 mil ampolas adicionais de etanol farmacêutico, além da compra emergencial de outras 5 mil unidades para garantir reserva estratégica em centros de referência em todo o país.
A Anvisa mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir o antídoto e está oficiando os estabelecimentos para responder rapidamente a demandas estaduais e municipais. Pelo menos uma grande farmácia em cada capital será designada para dar suporte imediato às autoridades de saúde.
O governo também busca alternativas ao etanol farmacêutico. Uma delas é o fomepizol, usado em casos graves de intoxicação, mas que não possui registro de comercialização no Brasil. Para viabilizar sua chegada, a Anvisa lançará um edital internacional para identificar produtores interessados em fornecer a substância.
Além disso, o Ministério da Saúde solicitou à Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) a doação imediata de 100 tratamentos e manifestou intenção de compra de até 1.000 kits de tratamento, que seriam direcionados a centros de toxicologia de referência, dada a complexidade no uso do medicamento.